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PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

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  • Ventos da Democracia
    Suelen Aires Gonçalves
    Socióloga e professora universitária

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    Uma breve análise da conjuntura política da América Latina e Caribe é o tema de hoje da nossa coluna. O projeto neoliberal, que avançou nos últimos anos através de eleições e Golpes de Estado demonstra, seus limites e, com isso, os ventos da democracia e da soberania popular voltam a soprar pela América Latina. Meu foco será uma breve análise sobre as eleições da Bolívia, ocorridas no último domingo (18), mas diz respeito também, a um cenário de vitórias eleitorais e políticas de setores progressistas importantes da nossa região como é o caso da Argentina, Montevidéu, México que avança para outros países do continente.

         As primeiras palavras do ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, exilado na Argentina após o Golpe de Estado que o retirou da presidência em 2019, é uma síntese importante para nossa reflexão " a prioridade é recuperar a democracia na Bolívia". Tive o prazer de conhecer a Bolívia, país esse, marcadamente, indígena, identidade da maioria boliviana com um programa plurinacional com uma diversidade étnica e de recursos naturais que saltam aos olhos. Tal construção nacional também é atacada pela ganância de setores entreguistas/neoliberais que buscaram, através de golpes, atacar as riquezas naturais e a soberania nacional com propostas de privatização, por exemplo.

        O processo de contagem dos votos oficiais já está em encerramento. A vitória do candidato Luis Arce (MAS) é um fato consolidado, seus adversário reconheu a derrota eleitoral. A diferença entre o vencedor e o segundo colocado é ampla. Sobre a diversidade étnico e racial, os irmãos bolivianos nos apresentam um importante sinal. David Choquehuanca, vice-presidente da chapa de Arce, será o segundo indígena da história a ocupar o cargo de vice-presidente do Executivo na Bolívia. Enquanto cidadã brasileira, tenho o desejo de ver a maioria do povo brasileiro que é composto por mulheres e negros(as) na presidência da República Federativa do Brasil, em um futuro não muito distante.

         A tática eleitoral do MAS foi importante neste processo. A proposta de uma chapa com representantes da classe trabalhadora e indígena "étnico-classista" foi estratégica e uma mensagem nítida sobre a identidade da maioria boliviana. A força do povo boliviano, demonstrada desde o afastamento do ex-presidente Evo Morales até as eleições de 2020, foi fundamental para a derrota dos setores golpistas e comprometidos com o capital internacional. Foi um voto de "resistência" de um povo consciente do seu papel histórico para com os rumos do seu país.

        Os Golpes de Estado serão revertidos com organização popular e vitórias eleitorais e políticas em nossa região. Os ventos da democracia voltam soprar pela nossa latino-américa. As eleições Argentinas de 2019, com Alberto Fernandes da Frente de Todos, as eleições em Montevidéo em 2020 com Carolina Cosse, do partido Frente Amplio e, agora, com as eleições da Bolívia, apresentam essa potência regional.

        Os ventos da democracia pairam pelo Brasil nas eleições de 2020 . Derrotar os setores conservadores e golpistas é estratégico para que isso realmente possa acontecer. Viva a democracia! Viva a soberania dos povo! Viva a nossa Latino-América!


    Flores de Plástico
    Silvana Maldaner
    Editora de revista

    style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">Não podemos esperar de quem não tem nada a oferecer. Perdemos tanto tempo escutando pessoas que não dizem nada, ou que dizem as mesmas coisas, tentando convencer a si próprio.

    As eleições refletem muito sobre o grau de maturidade e cidadania de um povo. Pessoas que acreditam em milagres, que esperam salvadores, ídolos, com certeza só podem continuar sendo manipuladas e enganadas.

    Está faltando e muito, lucidez para refletir sobre o que acontece com as pessoas, com seus líderes, e seus governantes. A culpa não é do governo. É de quem vota nele. Se o palhaço Tiririca fez 445 mil votos, e falava abertamente que não sabia o que iria fazer, o problema não era ele ser um comediante, e sim quase meio milhão de palhaços que votaram nele. Isto se chama representatividade. Num processo democrático é isso. Estão representados. Por mais que continuem sendo os otários que pagam a conta.

    O amadurecimento de uma nação acontece, quando em todas as células, seu povo exigir e questionar. Sair da posição de puxa-saco, da idolatria, do fingir ser amigo do rei para ganhar favores e privilégios.

    Devemos pensar e questionar as leis impostas. Como por exemplo, as restrições da abertura do comércio, as proibições de música ao vivo, dos eventos empresariais, a proibição da leitura de jornais e revistas em consultórios médicos, entre muitos outros itens, sem nenhuma comprovação científica.

    Podemos questionar este programa de excel que o governo de Eduardo Leite adotou, pintando de bandeiras coloridas o mapa do Rio Grande. Qual foi o estudo científico adotado? Número de leitos da CTI versus número de habitantes? E como justificar a proibição da liberdade econômica, e de direito ao trabalho, em cidades predominantemente rurais, onde nem sequer possuem hospitais ou CTI? E por que penalizar cidades que recebem pacientes de outras regiões?

    REALIDADES DISTORCIDAS 

    Em Santa Maria, historicamente, nunca tivemos uma taxa tão baixa de ocupação de leitos de CTI. Nunca! Sempre foi superlotada, principalmente pelo caráter regional que possuímos. Vivemos como ratos em experimentos, brigando uns com os outros, se agredindo pelas redes sociais, enlouquecendo com problemas de internet e com o medo paralisante de que todos morreriam. E que nós seríamos os culpados.

    Gostaria que consultassem o portal da transparência, onde mostra o registro de mortes no Brasil, por mês e por ano. Em 2019, os índices eram de 103 mil mortes por mês. Este ano, a média é 102 mil mortes mês. Isto mesmo, neste ano, temos muito menos mortes que todos os outros anos anteriores. Então, só me resta acreditar que vivemos sete meses de muita distorção da realidade. Tenho fé que, aos poucos, as pessoas se dêem conta de quanto estamos regando flores de plástico.



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